Minha loucura começa quando estou são. Exala de mim como suor efervescente, eu a inspiro, prendo em meus pulmões por quanto tempo suportar, para logo expirar, extasiado, anestesiado, embragado.
A sanidade me coroe, o simples fato de estar ciente e consciente dos fatos, seres, dores e dizeres a minha volta me trazem o desejo de não estar, de não ser, de não querer, de simplesmente não saber. Mas sei.
Eu sei da dor do Lorde que mesmo cercado se sente sozinho.
Eu sei do veneno escondido sob a flor nascida em terras contaminadas.
Eu sei da ferrugem no escudo do guerreiro que não consegue mais confiar apenas em só pericia.
Eu sei da solidão que afinge a Rainha mesmo com inúmeros servos bem dispostos.
Eu sei da Construtora que trabalha e molda o mundo por não conseguir encontrar seu alicerce.
Eu sei da tristeza que sente a Vencedora por saber que há batalhas que não se pode lutar ou vencer.
Eu sei sobre a confusão da Pequena Princesa ao descobrir que seu mundo é falso, robusto e cicatrizado.
Eu sei desta e tantas outras lutas secretas, leões que não podem ser mortos, sentimentos autossuficientes e corrosivos que não podem simplesmente serem trancafiados, são partes de nós que nos fazem ser quem somos, partes que não podem ser amputadas.
Eu sei... E oque faço com todo este conhecimento? Guardo. Apenas sei. E choro por todos. Choro por não saber escrever minhas lagrimas. Choro por não poder ajuda-los. Choro por não poder ser ajudado. Choro. Choro. Choro apenas por chorar.